Originalidade vs. clichê
- eloafbrandao
- 19 de jan. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 21 de jan. de 2021
Às vezes, gosto de usar vestido rodado, sapatilha bege e batom rosinha claro. Gosto de alisar o cabelo e seguir umas modinhas adolescentes.
Às vezes, pinto as unhas de azul, faço um coque abacaxi, visto meu suéter gigante estampado e pego minha meia-calça de abelhinha, ficando também completamente satisfeita com o resultado.
Originalidade é uma coisa.
Já estamos em 2020, não dá para ser 100% original. Por outro lado, acho importante nos expressarmos, sem medo de sermos diferentes dos outros. Contanto, é claro, que esse "diferente" reflita você, o você sem os padrões de beleza bipolares que vivem mudando e sem os estereótipos que nos sentimos forçados a escolher.
Só que aquela frase faz sentido: "o clichê é clichê por algum motivo". As pessoas dizem, eu faço coro.
E tudo o que posso dizer diante disso, é que me sinto tão inédita com o batom rosinha claro quanto com o esmalte azul. Porque continuo sendo apenas eu mesma, e não há nada mais original - ou clichê - do que isso!
A gente acha que esses são termos opostos, mas nos esquecemos que muitas vezes eles se misturam. A verdade verdadeira, é que todos somos originais e clichês à nossa maneira. Por exemplo minha mãe, que sempre foi a moça do batom rosinha e do cabelo loiro chanel e agora esbanja por aí uma cabeça raspada! Mas pensam que ela abandonou o batom? Nem pensar! Senhoras e senhores, aplaudam: originalidade a là mamãe.
Para mim, as pessoas se parecem com mosaicos. Cada pecinha que nos forma é um aprendizado: um bom livro, um filme, uma viagem, um novo amigo, um amor que não deu certo… Temos pecinhas de originalidade e pecinhas de clichê.
Uns mosaicos são mais simples; outros, pra lá de emperequetados. Uns vivem em museus; outros, na sala da tia Josefa. Uns são abstratos; uns são preto e brancos. Cada um tem o seu, cada um é diferente. E assim seguimos vivendo: atraindo, absorvendo, expelindo e até doando pedacinhos multicoloridos. Aos poucos, construindo nossa individualidade através das vivências.
E o ideal é justamente isso: que eles estejam sempre em constante mudança. Existem aqueles mosaicos que acreditam que, se nasceram daquela maneira, precisam morrer iguaizinhos! Estes são aqueles presos ao passado, cabeças-duras, mentes fechadas… se recusando à ouvir, aprender, melhorar… sem nunca nem se dar a liberdade de experimentar uma comida nova ou acrescentar algo diferente à lista de compras! Seus pedacinhos são grudados, coitados...
E o ideal também, é que nosso mosaico esteja cada vez mais colorido, mais vistoso, mais feliz!, sem que tentemos imitar ninguém. Que tenhamos pedacinhos de loucura, santidade, rebeldia... sei lá, você que se invente!
Se parece meio contraditório? Que seja então! Pois é quando a originalidade começa a ser clichê e o clichê começa a ser original, que percebemos que tudo o que podemos ser é nós mesmos.
02.08.2020
Eloá Faria Brandão






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