Finalmente descobri aonde estava aquele lendário pote de ouro, cercado por duendes e fadinhas, incrustado com flores e pedras preciosas!
O tempo todo ele se localizava na Rua Osório Sampaio, aqui pertinho de casa, onde eu costumava ir na padaria antes da pandemia. Me pergunto como ainda não tinha cruzado com um dos duentes por aÃ... algum tipo de mágica que os deixava ocultos, suponho.
Mas se eu estivesse lá hoje, com certeza os encontraria. "Olha só, um anão fofinho verde com orelhas pontudas e olhos grandes!". Isso porque, ladeando a linha férrea na frente da minha janela e sobrepondo as montanhas cinzentas ao longe, apareceu agora a pouco o arco-Ãres mais lindo que já vi em toda a minha vida!
De um extremo ao outro do mundo, ele parecia se intensificar cada vez mais, com suas sete cores tão vibrantes que, por um instante, acabei perdendo o fôlego diante de tanta beleza! E olha só: a praticamente 2 km da minha casa!
Me debrucei sobre a janela e pude jurar que, se fechasse os olhos e prestasse bastante atenção, conseguiria ouvir as risadas brincalhonas das fadinhas. Suspirei de satisfação. Toda a realidade se resumiu à quele único momento mÃstico, em uma mistura de alegria e paz, onde o univero era absolutamente perfeito. E então...
Então nada.
A chuva havia passado, e o arco-Ãres, se desmanchado em partÃculas de glitter. O pote se tornara invisÃvel novamente, e os duendes, imaginação pueril apenas. Que estranho... eles eram tão verdadeiros há alguns segundos atrás!
Me perguntei se tinha mesmo sido real...
Algumas coisas na vida são tão doces, belas e efêmeras que, quando acabam, duvidamos que realmente tenham estado lá. Um sorriso; uma troca de olhares; um sentimento. Um arco-Ãres.
Mas, justamente por esta beleza incontestável, já advirto a mim mesma: aconteceu, sim. Nenhuma imaginação, por mais louca que seja - e eu admito que a minha é bem louca - seria capaz de fazer jus à quele arco-Ãres.
Só me resta agora a lembrança, e não quero nublá-la com incertezas. Um arco-Ãres me visitou hoje. E infelizmente, logo ele se foi, para nunca mais voltar.
Ah, tudo bem! Arco-Ãres são assim: finitos. E é isso que os torna ainda mais encantadores.
Eloá Faria Brandão
18.02.2021